E se meu brilho não puder se comparar ao seu? E se ninguém suprir a falta que você me faz? Se meu herói caiu por terra e desapareceu Eu prometo que ninguém te esquecerá jamais E será que minhas palavras tingirão meu ser? E se fizessem desse berço moradia da dor Se enxergassem em meus olhos o mesmo que você Mas se eu pudesse ser um terço do que você foi E se nesse caminho a escuridão corromper E se as portas não se abrirem quando eu chegar Se as brasas não me acalmarem ao lembrar de você E se eu não for forte o bastante para te alcançar? O sangue inocente envolto em minhas frases Perdendo-se em meio as águas sob o velho cantil Enlouquecendo dentre as almas perdidas em meio ao frio Vidas fragilizadas dentre as gotas jazem Me deixe acender um último cigarro Deixe a chama consumir o que restou de mim Dentre as cinzas observo meu herói em cacos Ao herdeiro do tempo um digno fim Marcados por nossa falha, assombrados pela fraqueza Consumindo pouco a pouco o néctar da inocência O silêncio se pronuncia nas virtudes do forte Pois quem percorre esse caminho só encontra morte As garrafas não honrarão as memórias em sua promessa E nada será apagado enquanto você se entrega Esse sorriso em agonia em quem já perdeu tudo E eu não posso prometer que mudaremos o mundo Se seu toque não me alcançasse onde eu estaria Se esse abraço não se rendesse, ao tempo resistiria Mas se sua voz se perder no silêncio dos meus ouvidos Eu cuidarei do seu menino Temos medo, somos fracos e sujeitos à chaga Sangramos como todos e choramos por cada perda Mas entregamos nossa mente, a voz, nosso corpo e alma Em meio a escuridão pra manter essa luz acesa Me deixe acender um último cigarro Deixe a chama consumir o que restou de mim Dentre as cinzas observo meu herói em cacos Ao herdeiro do tempo um digno fim Talvez a ignorância nos mantenha a salvo Talvez os lúcidos desfrutem desse paraíso Nos sabores mais belos ao paladar amargo A queda do guerreiro no prazer corrompido Se eu puder protegê-los por mais um segundo Se eu puder defendê-los com a força desse escudo Quando as portas sucumbirem diante das nossas mãos Encontrarei um irmão Não existirá vitória se o preço será seu sangue É incerto, mas talvez seja a minha chance Marcada em minha carne a maldição me guia E é irônico que à luz eu entregue minha vida Eu poderia chorar, mas decidi sorrir Eu poderia temer, mas vocês estão aqui E eu entrego minha sanidade para enfim poder Pelo menos por um momento ser como você Me deixe acender um último cigarro Deixe a chama consumir o que restou de mim Dentre as cinzas observo meu herói em cacos Ao herdeiro do tempo um digno fim