Ó seu doutor eu venho lá dos cafundós Peguei carona em cima de um caminhão Minha caneta era o cabo da inchada E só no lombo a minha alfabetização Meus documentos são minhas mãos calejadas O meu destino eu entrego em suas mãos Não aprendi a ler Não tenho profissão Mais faço qualquer coisa só não quero ser ladrão Na minha terra se tivesse irrigação O nordestino deixaria de sofrer Todos cansados de viver fuçando o chão O que se colhe não da nem para comer Eis o motivo de vir pra cidade grande Com a família tentando sobreviver