Todas as noites lá do meu apartamento, Eu fico olhando a vida simples da favela, Apago as luzes pra que o mundo não me veja, E fico ali horas e horas na janela... O Zé pedreiro que lá vem trançando as pernas, Faz zig-zag, mas não erra seu portão, Vem sua amada com o filhinho no colo, Eles se abraçam e entram no barracão. Para o seu filho ele trouxe pirulitos, Pra sua amada trouxe balas de hortelã, E nessa cena rotineira de favela, Para ela Zé pedreiro é seu galã... Para ele sua amada é uma rainha, E o seu barraco é um castelo de marfim, Eu lá de cima vendo aquele paraíso, Quisera Deus que eu tivesse a vida assim. Que me adianta luxuoso apartamento, Aqui tão alto quase perto do luar, Se eu não trago pirulitos e nem balas, Se eu trouxesse não teria pra quem dar... O Zé pedreiro que é feliz em sua vida, Com seu barraco, seu filho e sua amada, O Zé pedreiro é rico em sua pobreza, Eu na riqueza tenho tudo e estou sem nada.