Tenho o meu burrão de raça Que é uma taça lá no meu retiro Pra falar mesmo a verdade Em qualquer cidade ele enfrenta tiro Quando eu levanto meu braço Ele espicha o passo e dá um suspiro Meu burrão já está na história Com tantas vitórias que até me admiro Na cidade de Campinas Tem uma menina, disse que me ama Fui pedir a mão da moça O velho vez força, quase que nós trama A moça muito faceira Sem fazer zoeira se jogou na cama Garantiu pro meu amigo De fugir comigo no burrão de fama Chegando o dia marcado Eu saí armado pra encontrar com ela Mas como o prédio era baixo Eu encostei o macho em sua janela Quase que caí de susto Quando eu vi o busto da linda donzela Me veio no pensamento Era o casamento em qualquer capela Saímos cortando estrada Já de madrugada no burrão ruano O pai dela era um torpedo Que até dava medo de ver o baiano Eu fazia fé no trinta Que eu tinha na cinta com um palmo de cano Trinta balas na guaiaca Dois palmos de faca que fazia dano Bem antes de nós casá Eu mandei soltar o burrão no pasto Quando voltamos da igreja Mandei vim cerveja da venda do Basto Aí chegou o baiano Que vinha bufando em cima do rastro Confessou no meu ouvido Casando fugido é menor o gasto