Acontece tantas coisas Que nos deixa abismado São as tais fatalidades Que o povo tem falado Isto que eu vou contar Aconteceu no passado Na cidade de Barretos Um padrasto enciumado Matou sua enteada Loucamente apaixonado Eu não vou citar os nomes Deste fato comovente Nem do padrasto assassino Nem da pobre inocente Foi um crime passional Que revoltou muita gente Tudo está registrado Para ficar mais patente Que a justiça verdadeira Vem do Pai Onipotente Adentrei o campo santo De Barretos certo dia E visitei o jazigo Na tristonha Ave-Maria Era uma tarde longa Silenciosa e muito fria Muita gente ali rezava Eu também fiz companhia Misturei os meus pesares Com as dores da família Quando o sino da capela Faz ouvir seu enlanguescer Todos vão se retirando Vem chegando o anoitecer No gemido do cipreste Sinto minha alma doer Parece até que escuto Uma voz assim dizer Que o dia de juízo Não demora acontecer Esse padrasto cruel Já faz parte dos mortais Ele vai ser condenado Pelos altos celestiais Vai findar seus negros dias Nos presídios cavernais Criminoso sem perdão Para Deus não se refaz Ele morre para sempre Que não volta nunca mais