Dino Franco e Mouraí

Espinho de Juá

Dino Franco e Mouraí


Eu quando paro
Em frente do casario
Sinto até um arrepio
No meu peito se aninhar

É que eu recordo
Ee uma campina Florida
Da minha amada querida
Que só me trouxe penar

Em pensamento
Vejo frutos pequeninos
Que nos tempos de menino
Eu vinha saborear

Muito vermelhos
Parecendo com matinhos
Protegidos por espinhos
E com nome de juá

Pra quem não sabe
Nunca viu, talvez nem veja
E frutinha sertaneja
Saborosa como que

Meu juazinho
Sinto hoje de verdade
Que a malvada saudade
Tem gostinho de você

Pois comparando
Lembro que anos depois
No primeiro caso a dois
Foi que pude compreender

Assim tal qual
Os teus frutos, juazeiro
Ao colher o amor primeiro
Já comecei a sofrer

Juá do campo
Dos meus tempos de criança
Das feridas da infância
Até gosto de lembrar

Mas das picadas
Que esse mal de amor me dava
Se eu pudesse nem pensava
Pois a dor é de matar

E desse ponto
Onde o casario existe
Do que é muito mais triste
Quase deixo de falar

Não há mais campo
Como havia de primeiro
Não tem mais o juazeiro
Só o espinho mora lá

Pois quem na vida
Me ensinou o que é saudade
Sem saber dessa verdade
Tem ali sua mansão

Fique serena
Sem pensar que seu espinho
Muito mais que do juazinho
Fez sangrar meu coração