Dino Franco e Mouraí

Do Que O Boiadeiro Gosta

Dino Franco e Mouraí


Do que o boiadeiro gosta
Em sua longa jornada
É sentir poeira no rosto
O pó de arroz da estrada

Sentir o cheiro do gado
Que traz o vento da tarde
Qual o perfume mais caro
Dos ricaços da cidade

Do que o boiadeiro gosta
É um som sentimental
O berrante que virou
Instrumento musical

Em muitos discos se ouve
No final de uma canção
Um berrante repicando
O mundo e todo o sertão

Do que o boiadeiro gosta
É dormir sobre o baixeiro
Tendo o céu por cobertor
E o capim por travesseiro

No grande quarto da noite
A grama verde é o colchão
O telhado do infinito
O Luar é seu lampião

Do que o boiadeiro gosta
É nas tardes de mormaço
Fazer um boi pantaneiro
Rolar na ponta do laço

Do que o boiadeiro gosta
É ouvir pelas pousadas
Os peões contando casos
De um estouro de boiada

Do que o boiadeiro gosta
É ver a branca neblina
Que se forma na baixada
E sobe pela colina

Aonde a boiada dorme
Do espigão à encosta
Gostoso é também gostar, uê boi
Do que o boiadeiro gosta