Foi por acaso num balcão de um certo bar E nem sei mais o lugar que eu conheci alguém Um pobre homem que hoje vive ao abandono A trocar noites de sono por lembranças de um bem Como as comportas que libertam suas águas Foi soltando suas mágoas e contando para mim Muitos detalhes de uma história de amargura E uma criatura porque vai chegando ao fim Aquele homem me falou apaixonado Que dois olhos azulados como as noites de luar De um rosto lindo e um sorriso de menina Com covinhas pequeninas e sotaque no falar Falou ainda de uma pinta no pescoço Que era quase um esboço do desenho de uma flor Nesse momento eu lhe disse com surpresa Meu amigo que tristeza eu conheço sua dor Meu bem amigo somos dois amargurados Pois amamos no passado quem não era de ninguém O teu relato tão sincero e detalhado Foi o retrato falado de quem foi minha também