Este berrante feito de um chifre de boi Outrora foi instrumento de trabalho Era com ele que eu chamava a boiada Quando viajava na estrada ou atalho Este berrante hoje está silenciado O seu passado já ficou muito distante Não mais se vê boiadeiro na estrada E a boiada não precisa de berrante Este berrante, hoje, velho e esquecido Foi preferido do companheiro Prudêncio Não mais se ouve seus repiques na invernada E a boiada chora seu triste silêncio Tal qual a ele vou vivendo na tristeza Minhas proezas já não tem nenhum valor Nada mais somos que as cinzas do passado Estou magoado sem carinho e sem amor Quando eu morrer quero levá-lo comigo Em meu jazigo caberá ele também Entre lembranças para sempre viveremos Não mais seremos humilhados por ninguém Berrante amigo, chifre de boi pantaneiro Seu companheiro também não tem profissão Iremos juntos pra derradeira morada Chamar boiada no céu do eterno patrão