Verdade engasga
Pois, a língua peca
O tempo corre
Não há nada que se queixa

Se o livro rasga
A árvore seca
O homem morre
Não há nada que se deixa

Verdade engasga
Pois, a língua peca
O tempo corre
Não há nada que se queixa

Se o livro rasga
A árvore seca
O homem morre
Não há nada que se deixa

Quase que estive
No vale do perigeu
Na justiça da sacada
Que me refazia reu

Mas, nunca (fui) livre
E livre de ser eu
Como um pássaro sem nada
Se, não gaiola e o céu

Deram-me o aparato
Onde nada me apraz
Não como desse prato
Se nele não tiver paz

Tudo em mim dissolve
Desde o espírito ao corpo
Mas, o pó me divolve
Num tempo filantropo

Onde se esconde a mão
Se esconde o pão, se leva a água
Desse sem contramão
Numa direção da mágoa

Chorei de ver o amor
Perdido aos braços da verdade
Verdade com bostela
Verdade que magoa

Eu choro o desprimor
Que me separa da amizade
Do amigo com querela
Do amor que não perdoa

Se tudo aqui não presta
E a vida não é vida
Eu vou tentar na festa
Que a morte me convida

Doa o sangue, doa os rins
Mas, não se oferece alma
Leva escravos e afins
Eu prefiro ser luiz gama

Eu prefiro-me inocêncio
Morrer pela liberdade
Prefiro-me prudêncio
Pregar ao mundo kintuadi

Se caio em desespero
Não por gosto ou porque quero
Abracei o descalabro
Perdi-me na mão amiga

Se ontem um mensageiro
Hoje sou o tempo inteiro
Não obstante o candelabro
Que a sua luz me desliga

Se penso que existo
Desisto existir
Mas, o mal-quer me nega
Não sei como sobrevivo

E quando penso nisto
Procuro não sentir
Porque esta mão que me pega
Tem o dedo corrosivo

Mas, digo de antemão
Eu não peço para estar morto
Eu peço a transição
De um estado para outro

Se tudo aqui não presta
E a vida não é vida
Eu vou tentar na festa
Que a morte me convida

Adeus, parti
Fui respirar outros ares
Fui ser livre como nasci
Como fez zumbi dos palmares