Eu vim da paineira do cerrado Da cascata e da cachoeira Vim do campo esverdeado E da estrada só poeira O meu canto é de caboclo E o meu peito avarandado Meu olhar alcança pouco Vaga-lume em céu fechado Eu sou o sertão em coivara Tenho sangue de águas claras Escorrendo em meus riachos No remanso do meu peito A viola arranja um jeito E o amor despenca em cachos Sobre os pastos e caminhos Quero ser o algodão Branco como o coração Do caboclo quando canta Ser a foice do arado E rasgar seu chão suado Ser seu braço quando planta A semente seu destino E então ser a calma do regato Ser o canto da araponga Ser a cor verde do mato E viola em noite longa E morrer no meu lugar Ser viola em noite longa E voltar no amanhecer Ver meu povo pela estrada Pés batendo no areião Ser seu punho, sua enxada E morrer no seu lugar Ser seu canto, sua brigada E morrer no seu lugar Ser seu canto e sua armada