Lisboa triste ficou Soluçando de saudade Por julgar que se deitou E acordou noutra cidade Deixem Lisboa gritar A saudade que a magoa Deixem Lisboa chorar Com um poema de Pessoa Deixem soltar os pregões Que hoje nela estão calados Deixem Lisboa sonhar Lembrando tempos passados Nos azulejos pintados Recordou velhos artistas E a pincel, desenhados Os ardinas e as coristas Nas varandas rendilhadas Viu mil vasos enfeitando E as colchas penduradas Pela fé que vai passando Mas ao lembrar o passado Sossegou-se o seu peito Pois viu-se ainda com fado No romance mais perfeito