Eu tenho andado tão sozinho ultimamente Que nem vejo à minha frente Nada que me dê prazer Acordei com vontade de saber como eu ia Como ia meu mundo, como ia minha vida Agradeci a Deus por me presentear Com mais um dia pra viver, pra correr, guerrear Lutar com humildade, em minha oração Pedi ao meu Senhor que me desse proteção Cadeia, mundo cão, irmão, nada é confiável Sem Deus no coração, sem chance, lamentável No pátio, os manos no peão circulando E na gaiola um fuça sentado, cochilando Através das grades olhei pro céu azul Um pássaro voava do norte pro sul Me emocionei, pensei: como é lindo a liberdade Lembrei das pessoas no centro da cidade Indo, vindo pra lá e pra cá Andando, correndo ansiosas pra chegar A molecada na Praça da Sé tudo igual Cotidiano rotineiro, infelizmente natural 2001, Zezé, meu último rolê no centrão Rá, último negócio irmão, vai pra grupo, não Orra tio, o barato é louco de verdade Cadeia, lugar que você sente mó saudade Do mínimo que quando se tem, não dá valor Tipo o quê? Pisar na terra descalço, morô? E sentir o gosto doce da felicidade Olhar pro horizonte, sorrir pra liberdade Assim como se fosse uma criança brincando Correndo contra o vento se desequilibrando Caindo, levantando superando seu limite Passo a passo na fé, na vontade, no apetite Acredite, assim que é, vagabundo Pergunte a si mesmo irmão Como vai seu mundo Eu queria ter na vida simplesmente Um lugar de mato verde, pra plantar e pra colher Ter uma casinha branca de varanda Um quintal e uma janela Para ver o Sol nascer Nesse momento, eu queria estar na igreja Orando, pedindo a Deus fortaleza Pra que Ele me ajudasse a superar meus conflitos Pra que Ele aliviasse meu espírito aflito O resultado do meu semiaberto não vem No final do ano, eu quero indulto também Será que nesse Natal eu vou pra rua? Será que vou sair num peão à luz da Lua? Levar minha esposa pra onde ela quiser Pra curtir até umas hora, sem miséria, o quanto der E na manhã seguinte estar à vontade Tomando um Sol sem camisa na laje Bebendo um suco de manga bem gelado Ouvindo o disco do Jorge Ben bolado E uma par de aliado trocando o mó proseiro Chegando e saindo gente o dia inteiro Parceiro comemorando a vida de verdade E se chegar, demorô, fica à vontade Mas liga a TV que o meu time vai jogar 3x1, 4x1, um excelente placar É tudo uma questão de pensar positivo Você é do tamanho do seu sonho, amigo Grades de ferro, chão de concreto Na prisão tudo é quadrado, do piso até o teto É desanimante, é feio, é triste Rouba a sua brisa, só quem é, resiste E não desiste, resiste, enfrenta a batalha Violenta é a vida no fio da navalha Que o diga o Tuco, o Boca, o Délinho O Jefery, Tom, o Eric, o Agê e o Maninho Sei lá, ó mano, se tiver como, desista Melhor do que cadeia irmão É estar nas pistas, no morro, no asfalto, nos becos, nas vielas Juro amor eterno, pois faço parte dela Sem limite, assim que é, vagabundo Pergunte a si mesmo irmão Como vai seu mundo Eu queria ter na vida simplesmente Um lugar de mato verde, pra plantar e pra colher Ter uma casinha branca de varanda Um quintal e uma janela Para ver o Sol nascer Eu queria ter na vida simplesmente Um lugar de mato verde, pra plantar e pra colher Ter uma casinha branca de varanda Um quintal e uma janela Para ver o Sol nascer