Só mais uma breve história De alguém bem normal, um Zé Ninguém Que ninguém quer enxergar Mas todo mundo vê Nas sarjetas da avenida Um velho mendigo passa sua vida Com um trapo e um papelão Suas marcas no chão Dia e noite por ele passam passos Apressados ou não Cruzam caminho sem cruzar o olhar E seguem assim sem mesmo saber E seguem assim sem mesmo saber Sem ninguém ter consciência Passa fome, frio e violência Se vira com os restos Que acha no chão Alguém perguntou se era possível Apagar um velho já invisível Fizeram então surgir Uma vaga no chão Dia e noite por ele passam passos O velho ali ou não Passam por onde um dia foi seu lar E seguem assim sem mesmo saber O que aconteceu Se ele esqueceu Não apareceu Ninguém vai saber Se ele morrer Pois ninguém percebeu Que o velho morreu