Sabe lá o que o amanhã vai trazer O próprio amanhã irá dizer E pra que preocupar Se amanhã terá tantos problemas novos E os de hoje se tornarão Mais fortes Cresceram sobre nós como rocha Nas nossas costas Que não há consciência que engula Não há cachaça que absorva tanto azar Que janta a vida Nestas ruas de acesso rápido Eu compro meus cigarros Onde aglomera gente Onde vendem para o povo Sem olhar no rosto Deixando a sensação De sermos escravos De termos um desequilibro são Que nos matam aos poucos lento e doloroso No carro , na calçada Na fachada, na nossa casa Mas vou ser fiel E me matar aos poucos Somos feitos pela mesma massa lógica Feitos de desencontros sórdidos Já fomos o texto excitante Solfejo dinâmico O pão dos aflitos Morremos na história Pós-modernismo incomoda A ceia bem farta Estragada pela manhã O vácuo de ser Sempre corrói Quando tudo depende de nós O escarro da palavra E todos saboreiam música Que nos matam aos poucos lento e doloroso No carro , na calçada Na fachada, na nossa casa Mas vou ser fiel E me matar aos poucos