Na solidão das ruas as casas se queimam É apenas uma noite comum Você tenta se esconder, mas continuamos A observar você atrás de você mesmo Os dias passam como uma bola de neve Cada vez mais rápido Pessoas se matam Mais um dia comum Você é inteligente Mas no momento se sente Tão bizarro como um gibi Seu sangue queima Você se sente sozinho no meio do caos E pensa assim Acreditei em tudo que me ensinaram E não sei o fim da sensação O tempo passa O tempo come a carne do coração Já não acredito nas propagandas contra o câncer E a venda de cigarro Então nascemos dentro desse sistema E você quer o que? Eu acordei e disse tchau pra minha família Com um tom de adeus E no trabalho braçal Olhei meu corpo e chorei Descobri que era escravo Construía prédios E o engenheiro era homenageado E num ônibus cheio, Cheio e fedido Uma senhora convulsiva Que falava sobre a vida Desmaiou Mas é só um dia comum Eu não acredito em luz no fim do túnel Eu não acredito em luz artificial É esse olhar desses bem pequenos Que faz ficarmos bom demais Bom demais Hoje eu digo e afirmo Que nós que somos pobres Corremos atrás Eles têm oportunidades: fácil demais Pois é mais digno construir do que ganhar Eles já tem bengalas prontas e nós já sabemos andar Pois é mais digno construir do que ganhar Eles têm cadeiras de rodas E nós já sabemos andar Já sabemos andar Andar Já sabemos andar Andar.