Um rancho de taipa coberto a tabuinha Varanda e cozinha, dois quartos e sala Paredes de barro amassado e batido Coqueiro partido amarrado com tala Esteio de aroeira no chão bem fincado E nele amarrado o velho lampião Era simplesinho, humilde tapera Mas pra gente era a mais bela mansão O dia raiava bem de manhazinha Mamãe na cozinha já estava de pé No fogão a lenha fritando bolinho Girando o moinho e moendo café Papai no banquinho sempre companheiro Enrolava o palheiro na palha macia Com a moringa cheia e a enxada nas costas Seguia pra roça no clarear o dia A vida era bela apesar de sofrida Naquela batida a gente levava O pouco com Deus era o suficiente Na mesa da gente nada faltava Tudo era tão simples na nossa casinha Mas ali havia um amor verdadeiro Não tinha o conforto da grande cidade Mas felicidade tinha o tempo inteiro O tempo passou como passa o vento Deixando somente momentos de outrora Papai despediu-se e deixou esta terra A sua partida a gente ainda chora Mamãe tá velhinha e os irmãos por aí Ficou bem distante a felicidade E o rancho de taipa ainda abriga A doce lembrança na minha saudade