IGREJAS Pelos corredores frios das igrejas dos meus sonhos Caminhava em labirintos Com os papeis datilografados Vela em punho como farol Pingos de cera como rastro Trovoadas e estalos no vitral Um suspiro e seu eco Pelos corredores frios das igrejas dos meus sonhos Levo toda pesca e toda caça Ao seu devido lugar Procuro o caneco mais vazio E bebo do meu direito Como do trigo o produto mais nobre E me vejo Pelos corredores frios das igrejas dos meus sonhos Doando canções antibióticas Que eu me fiz compor Sorrindo Pra não chorar de culpa Pecando por não me perdoar E me sinto Pelos corredores frios das igrejas dos meus sonhos Pondo fogo Nos brinquedos de criança Escondendo-me Da face dos deuses E por detrás do pano, Ascendendo o espetáculo Pelos corredores frios das igrejas dos meus sonhos Pelos becos quentes de mormaço Dos cabarés dos meus sonhos Pelos lençóis de magma Que desintegram as raízes dos meus sonhos Pelos sonhos que em sono, Sou o sonho dos meus sonhos 1993