Sacudi de cima a neve Quando desci lá dos Andes Andei em estâncias grandes Reparando uns parelheiros Bornais, capas, mil esmeros Mas, pro peão, só o que Deus mande O patrão em Buenos Aires A peonada ao descampado Nós com os cueros ensopados E até as caronas molhadas E os bois das invernadas Quais frades de bons estados Nos conchavava o estancieiro Também pra os seus canaviais E em tempos outonais Com os trapos que se tinha A gente toda se vinha Descendo dos pedregais Ali, amontoavam os crioulos Nuns lotes, assim, duns quantos Cada qual buscava um canto Onde só toca quinchar E, ali, sua vida passar Entre rigor e quebrantos Faltar, não faltava nada Vinho, café e alpargatas Eu reboleava minhas patas Em gatos e chacareras E só sentia a soiteira Ao receber as latas E que tempo que foi feio Tudo é brabo nessa lida Cortar cana só era vida Pra quem o pior suportava Doçura só a que estava Dentro da cana escondida