Nesse lar barulhento Uma forma distante Com a força restante Vou gritar para o vento Do meio do nada nasce um garoto Vivendo a vida pela metade Que mesmo sempre atrás de saberes É imaturo e nada sabe Fica frustrado quando não cria E preocupado com o que viria Todo dia Diz que poderia Viver só de música e poesia Solitário pela liberdade Cada lágrima se torna arte Enfrentando um impasse interno Não quer vestir terno Nem morrer de infarte Não vou ficar aqui parado na corte Só esperando pelo veredicto Todos meus planos serão consumados Muito melhor do que só serem ditos Eu quero ver o pôr do sol Mais uma vez ver a lua surgir Denovo por essas ruas fugir E me deixar persuadir Pelo som que me faz sorrir, pelo caos que me trouxe aqui Onde o dom vale a redenção, pelo menos hão de pensar assim Mas eu junto cacos Vou ao fundo e caço O mais imundo traço Desse meu cansaço E amasso Onde deve estar a saída? Quem vai aguentar a corrida? Se essa causa já tá perdida Qual sentido dar para a vida? Perguntas soltas na mente de um louco Olho pro topo e subo É importante agredecer o pouco Mas hoje eu quero o muito Quebro as correntes da limitação Fazendo paredes irem ao chão Viajo dentro da minha imersão Muito além da sua compreensão Linhas escritas que tecem a minha lucidez Uso elas pra curar essa interna acidez Alternando entre o tudo e o nada A procura de alguma resposta Sei que aqui nada vai ser de graça Vou fazer valer a minha aposta Pensei na falta de um conceito Mas lembrei que ninguém é perfeito Só disfarçamos as inseguranças sorrindo mesmo quando dói o peito Com o pé no chão mas sonhando alto Correndo descalço no asfalto Porque quem já pisou tanto em espinho não vai mais precisar usar sapato Cortaram as asas dos anjos Eu pude ver em seus olhos Uma tempestade de prantos Se dividiu em dois polos Cansado de me entregar A prazeres ilusórios Qual será o meu lugar Céu, inferno ou purgatório? Gosto de sangue na boca do lobo Teste seu medo só chegando perto A tirania governa o globo Menos de um terço foi descoberto Conspiração pra derrubar o trono Milhões de corpos mortos pela rua Vão te cercar de fome, sede e sono Depois dizer que a culpa é sua A esperança ainda tenta crescer E florescer no meio da guerra Mesmo com a morte rondando aqui E todo sangue que caiu na terra Mudam-se os ares Quebram-se pares Nunca separe Somos um só Mesmo que chore Mesmo que implore Você que escolhe A força do nó A vida é um grande teatro, basta olhar ao seu redor É fácil amar seu lado bom, difícil é amar seu pior Entretenimento vago, nos cercou e nos esmagou Veja até que ponto chegou; seu cérebro ficou menor Frágil visão da janela de vidro Mostra-me tudo que a olhar esconde Me dê certezas sobre o que duvido Pois sei como ir, só não sei por onde A intensidade de cada palavra Vai atingir mais forte quem falou E o maior fardo é viver nesse mundo Onde tudo tem preço e nada tem valor