Num bolo de qualidades, uma cereja de defeitos E a faca, ao invés de cortá-lo, crava no seu peito Puseram um muro e nem disseram que dá pra subir Poucos que descobrem sobem mas o resto fica aqui Briga desigual, como fica quem perde ao final? A correnteza leva o corpo pra outro portal Quem tá no pódium pisou na mão de quem tentou Por isso a vontade é de matar o lado benfeitor Vejo o ego dos gregos se espalhar E vejo a ganância dos romanos aumentar Me diz em quem seu filho se inspira? Talvez no marginal que você crítica com ira O frio é persistente dentro da mansão dos mortos O jantar de hoje é a alma desses corpos A alma desses porcos não existe, sem termo Sangue de inocente nas mangas do governo Que as trombetas toquem e esses castelos desabem Vão só quebrar a cara os que pensam que sabem Se afogar enquanto ficam rindo da margem Pare agora e imagine isso na imagem Respiro fundo depois cuspo meu pulmão O ar envenenado nos mata com a sensação De que o fantasma da morte é o nosso anfitrião Nas salas de tortura que pra gente eles criam Pessoas com um tipo de cegueira social Não percebem problemas, não trocam nem de canal Julgam como não importante o que não lhes aflige Se dizem que se importam, muitas vezes, só fingem Quem liga pra família no barraco de madeira? Pro casal que trabalhou sob o Sol vida inteira? Quem liga pra mãe e pro filho quando o pai some? Pra quem sempre lutou contra a seca e a fome? E no museu histórico os quadros dizem tudo Só declaram a guerra mas nunca pegam o escudo Eles controlam o jogo e de novo saem ganhando Sem novidade, quem é honesto se afundando Preferem distribuir armas do que comida Preferem mais destruir do que salvar vidas Antes de querer matar alguém com o seu fuzil Por quê o sem teto pedindo esmola tu não viu? Quem tem nada parece ser melhor que quem tem tudo São mais inteligentes que muitos que tem estudo Dinheiro é só papel, nada mais que ilusão E as vezes te faz perder a fortuna do coração O esforço deles? Mínimo, não é nem médio Esse problema é crônico, não tem remédio Ficam à toa tanto quanto os seus privilégios Não sou cristão mas sua ação pro povo é sacrilégio Roubam da saúde e da educação Mas acho que muitos não conseguem ver Estão livres e soltos, enchendo as carteiras E a polícia prendendo quem rouba pra comer Por aqui se seu bolso pesa tu é o chefão Mas se tu for humilde só pesa na humilhação Tipo RZO, o que eu tenho pra dizer é: Lute! Pois pobre no Brasil só leva chute Tipo 2Pac eu rimo com intensidade O microfone é falso mas a raiva é de verdade Se Jesus voltasse? Seria preto e favelado Ia ser assassinado pelos heróis do estado Do palco ao palanque, marchando contra os tanque Lutando contra quem não quer que o nosso sangue estanque Eu não sou o primeiro e o último tá distante Pois onde existe povo há poder, então avante!