Nada mais disfarça o sangue no chão Hoje passarinhos cantam em vão Hoje companheiros soltam as mãos Vejo congelar mais um coração O que você faz com o que a vida faz de você? Na guerra ou na paz, o quê que te faz se manter? O medo te traz as consequências de viver E o que tem demais se a consequência for morrer? Despejo meu pranto num copo de vidro São goles que eu bebo, mas nunca divido Lavei as minhas mãos, mas é permanente Ainda sinto tudo internamente E sei que a cicatriz vai tá aqui pra sempre Mas não vai me impedir de seguir em frente Marcas na parede, marcas na minha pele Social na rede, fora se repele Que esse mundo gele e que o relógio zere Ter paz ou saciar o ódio, o que você prefere? Já pisaram tanto no meu pé que eu nem quero mais dançar Infelizmente o problema deve ser eu né? Que não consigo me encaixar O que será que tem atrás da minha retina? Um profundo oceano ou uma rasa piscina? Passe pela cortina sem olhar pra trás E dissolva sua dor no álcool tipo resina Pessoas são de plástico, não adianta Com a sensibilidade igual a de uma planta E ainda perguntam por quê eu não saio tanto Sua superficialidade não me encanta Ela me desencanta, se parar pra pensar Em relacionamentos rasos querem se afogar Sei que não sou juiz, então não vou julgar Só não me vejo nesse espelho, melhor evitar Mais uma cena Dessa peça doente que só causa problema Dá uma pena De quem acha que eu vou respeitar esse emblema Olhando as estrelas no infinito Prometendo que um dia eu vou alcançar Eu não faço rap, eu apenas grito Pra que nenhuma voz precise se calar É inexplicável o sentimento É muito maior do que só momentos Eu nem preciso de medicamentos Rima, flow e batida consegue me curar Me tranco nos sonhos como defesa Então é melhor você ter certeza Eu sou muito mais do que você pensa Tão avançado que já tô em 2070