Deixando rastros mais compridos que a lembrança Levando a carga mais pesada que a ilusão Vai vagarosa a carreta da existência Seguindo o rumo que lhe aponta o coração Os bois da ponta se chamavam esperança Os bois do coice se chamavam amplidão Os bois da ponta hoje se chamam saudade E os bois do coice atendem por solidão Vai velha carreta cortando estrada juntando pó Vai velha carreta transporta mágoa de um peão que vive só Vai velha carreta cruzando o tempo juntando pó Vai velha carreta levando a vida de um peão que viveu só Os teus rodados vão chorando estrada afora Pois a jornada não demora e chega ao fim Talvez a frente encontre alguma ramada Com boa sombra sobre o verde do capim Para o meu corpo descansar nessas planuras E a voz do vento como se fosse um clarim Soprar de manso como a gritar êra boi Pra algum andante ao cruzar lembrar de mim Vai velha carreta cortando estrada levanta pó Vai velha carreta transporta mágoa de um peão que vive só Vai velha carreta cruzando o tempo juntando pó Vai velha carreta levando a vida de um peão que viveu só