Entra num ambiente todo enfumaçado Em que todo mundo tem cabelo enrolado Brigou com a irmã, brigou com o irmão Põe o pé em casa e começa a discussão Curte o som que vem da adolescência A gente cresce continua a inocência Não põe dinheiro em casa não tem moral E depois não vai querer que a priminha fale mal Todo mundo te chama de vagabundo O quê você vai fazer vai brigar com todo mundo? E quando vai ver não tá falando com ninguém Não tem como rir como a Fafá de Belém Uma mina falou que você tem um ideal Tá preocupado que o pai tá passando mal Pois se ele morrer a culpa morre com você Não tem dinheiro, não tem futuro Alimenta-se de sonho permanece duro Não fizeram nada não tem nada na cozinha A vizinha vai abrir se você toca a campainha A mina te dá cópia da chave e te apóia E quando faz calor bate maior paranóia Você come a migalha lá do porão E pensa que Miojo é uma boa refeição Não tem profissão, não estudou O bairro que você mora, a tua cor O vizinho fica te olhando de lado E pensa esse lugar já foi melhor habitado A tevê berra quanta gente morreu Mas você não se importa com o quê aconteceu Ainda bem que eles ainda não cobram pelo ar Relaxa a mente e segue o fluxo Pensa que dinheiro de passagem é um luxo Você está satisfeito com a vida Você não tem dinheiro, mas também não tem dúvida Na fila do posto um velho fala de doença Na fila dos sursis um jovem fala de crença Você não acredita que Deus vai resolver Deve ter enchido o saco de ter feito você Percebe que tem uma porção na escada Que não pensa na vida que não liga pra nada Todo mundo aqui tem o olhar perdido E nenhuma mina dessas quer achar um marido E ninguém quer falar sobre o quê interessa Onde não há compromisso também não há pressa O jazz bucólico que vem do telefone E que passa pelo fone é de um de saxofone Andar de bike curtindo a paisagem Vendo cada popular como se fosse um personagem Um sonho que você tem desde moleque De não querer ser mais um simples pedestre Ainda bem que inventaram o celular