Deco Dalponte

Lá no porão do meu Nono

Deco Dalponte


Tom: C

C                   G                     C 
La no porão do meu nono nós brincava a reveria
              G                    C
Lugar de pura vida e cheio de alegria
                   G                         C                                               
Sempre com muita fartura pois lá de tudo se tinha
                F       G              C 
O porão do meu nono é relíquia da vida minha

                    G                             C
Tinha leite, tinha queijo, torresmo, salame e vinho
                G                       C  
Vinagre de uva, ovo, banana, moranga e ninho
                 G                        C
De galinha e de rato, saco de rafia e de estopa
                  G                              C
Tinha bota, tinha roupa, de ir pra roça, de ir pra lida
                 F               G            C
Quanta coisa no porão, lindo armazém da minha vida

                       G                         C                   
Milho, corda, palha e facão, martelo, prego e navalha
              G                        C
Parolo para polenta, rede tarrafa e caniço
                  G                        C
Tinha morcilha e xoriço, tinha o taxo o panelão
              F         G                C
Tudo tava no porão me lembro muito bem disso

               G                    C
Balaio melão abobora xuxu tomate pimenta
                G                       C
Feijão pipoca manguá e a saudade só aumenta
                   F                       C
De quando o nono descia pra buscar um melancia
                G                           C
E tão logo ele subia com a mais doce e suculenta

                   F                         C
No porão que eu brincava tinha sal tinha mandioca
                  G                          C
Açúcar pinga em garrafão e tudo pra velha carroça
                  F                           C
Lugar lindo e abençoado de chão batido e de pedra
                   G                             C
A infância foi só riqueza alicerce que não se quebra

C               G                      C
Tinha canga e pelego cabeçaio cunha e mola
             G                        C
Roda arado isopor carne seca banha em lata
                    G                     C                      
Chapéu tesoura candiero liquinho mel e gaiola
          F             G         C
Arapuca ratoeira muito saco de batata

C                  G                      C
De tudo que era qualidade semente ali se guardava
                   G                       C
Esfregão porongo e cha, barra de gelo e serragem
                  G                         C
Ali se guardava a nata e outras coisas da cidade
                F                     C
Que pudessem estragar e tinham prioridade
               G                    C
Era assim a geladeira sem ter eletricidade

                   F                    C
No porão la do meu nono sacol copa e linguiça
             G                              C
Aromas inconfundíveis que a saudade mais atiça
                    F                     C
A pipa o barril de vinho canzil boçal saraqua
                  G                    G                          C
Soiteira couro curtido caneco veio retorcido, que agua na boca me da


                        G                        C                                                       
Tarro de leite havio e fumo ferro a brasa pra passar
                        G                    C                                                
Garrafa velha litro de óleo querosene pra queima
                      G                  C
Liquinho funil e a estrada era só atravessar
                        F          G           C
 Pra tomar um banho de rio o que saudade que me da

                   G                      C
Bem na frente da entrada tinha um pé de sarandi
                    G                        C
Sua sombra e seu perfume sinto hoje ainda aqui
                         G                           C 
Não tive em lugar mais calmo que o porão la do meu nono
                 G                        C
Repleto de coisa boa era o armazém do colono
             F      G                         C
Alegria e aconchego    como os braços do seu dono

                 G                    C
Tudo que se precisava estava a disposição
                 G                     C
Era só descer a escada e buscar la no porão
               G                  C
A gente ali brincava era pura diversão
                G                     C
Minha mente se alegra se alegra meu coração
               F                     C
Minha alma se entrega e voa na imensidão
                   G                     C
De lembranças de riquezas de valores e então
                          F           G           C
Do meu nono abrindo a porta e nos chamando pro porão


                           G                         C
A palha a linha, o cabo o prego sempre duplo a garantir
                  G                      C
Agulha de ferro antido seu rosto sempre a sorrir
                  F                     C
Sues causos e sua voz em minha memoria ecoa
                  G                     C
Enquanto ele trabalhava nos ficava ali atoa
               F                              C
Aprendendo e observando meu deus quanta coisa boa
                G                        C
Daquele porão saíram as mais famosas vassouras

                   F                       C 
No porão tinha de tudo eu me lembro bem e como
                         G                     G 
Mas a melhor coisa que tinha riqueza da vida minha
                  C G C
Era você amado nono