Chegaram no mesmo dia no circo Ele de trem, de um zôo de Itanhanhém Ela, très chique, de cantar em cassino Praquele bicho enorme ela nem liga Ele todo tenso e fascinado Pela bailarina que foi equilibrista Que cantou em cassino, foi atriz e foi miss Que tem boca de cereja Que mesmo quieta brilha numa roupinha vermelha A nova estrela, que foi atriz, que tentou até ser trapezista E assim passou um ano ou um dia E no dia seguinte a grande novidade O elefante pôs capacete e virou motociclista No globo da morte ele se arrisca, arisco Um raio e ela já nem finge que não liga E com a platéia muda faz figa Que romance mais esquisito Numa noite de relâmpago, foi-se a luz do circo E o elefante, pra iluminar a bailarina Rouba um punhado de estrelas e o brilho da Lua inteira Depois de um ano, ou um dia depois Entenderam, os dois, que o tempo Já não tinha vez, nem alento Que o tempo se tornara mais leve E mais lento quando passava perto Do elefante e da bailarina Que chegaram juntos no circo Que voaram juntos no infinito