Minha passagem para o breve, breve instante da loucura E aqui estou à espera, com este destino de dar sombra aos muros Mas à espera de quê? Que o despenhar no abismo me crie enfim asas? Maze: Caminho diariamente no fio da navalha No limbo entre ser um santo ou um canalha Conto apenas seis cêntimos no bolso Mas tenho ideias que podem levar ao calabouço Enterrado em dívidas e crédito mal parado Desempregado, contra a parede encurralado Tou à espera de quê? O que é que vou fazer? Vou pagar a segurança social ou vou comer? Estou-me a passar, e nem sequer tenho um filho Senão já tinha perdido os quatro dentes do ciso Enlouquecido, como se ameaçassem um ente-querido Já estou armadilhado, vou é pagando o rastilho Todos os dias terror espalhado nas retinas Os semblantes pesados, de ruínas de vidas Presos na apatia lusa como polidores de esquinas Escravos do fado, em vez de escrevermos sinas Oh, oh, oh, oh, oh, oh, oh No limiar da sanidade oh, oh, oh, oh, oh, oh, oh Fuse: Eu já pensei no suicídio Mas só me resta mais um tiro A última bala vou guardá-la Para o dia em que perder a fala e o sexto sentido Ser humano não é ser divino, é doentio A ambição é a bengala que orienta um morto vivo Eu enterrei a sanidade, ponho espelhos no meu caixão Para a minha moral morrer com vaidade Serei de ferro? Sou a escultura oxidada Face humana enferrujada porque cospem-me na cara Eu luto contra a máquina, a máquina que te suga A máquina que te ocupa como uma felicidade apática Se eu acordasse sem família mataria em nome da escuridão A última luz da nossa vida. Não sinto alegria, nem pulsação cardíaca A vida faz-me luto porque morro todos os dias Oh, oh, oh, oh, oh, oh, oh No limiar da sanidade oh, oh, oh, oh, oh, oh, oh Mundo: Vivia numa fachada em rotura na Avenida da Liberdade Virada de frente pra Rua do Limiar da Sanidade Sol posto, 7 da tarde daquele dia maldito Quarteirão fechado, bófia por tudo quanto era sítio Atingido, no solo estendido, um amigo de infância Motivo: relativo a cobrança de substância Este mano era a ganância, adormeceu na consigna Sabia que não havia cura nesta profissão maligna Agora a cozinha da rua possui um novo chefe Tem mais do que 7 anões à volta da branca de neve Agarrados roubam a família, roubam a mobília Desfilam de seringa na orelha e no parque fazem vigília Estes cafés são asilos para jovens desempregados Na assembleia: problemas não solucionados Seremos escravos da vontade, ou escravos do destino? Dois cravos sob a campa e deixem tocar o hino Oh, oh, oh, oh, oh, oh, oh No limiar da sanidade oh, oh, oh, oh, oh, oh, oh Expeão: Foi por vontade de Deus que eu vivo nesta ansiedade E todos os pecados são meus nesta cidade Lá fora tempestade, por dentro um forte sentimento Na mente, a erosão da sanidade É a loucura, loucura das massas, crime do colarinho branco Crianças escandalizadas, órfãos, como cordeiros entre os lobos Que mamam do peito da loba, na nova Babilónia Todos marcados com o simbolo da besta na testa Mal dos governantes, sangue, orgias e festas É o silêncio dos inocentes, enquanto mentem Nas televisões com todos os dentes A maior parte das pensões repleta da nossa gente Enquanto esses mações nunca os viste lá dentro Expeão, eu entro com a força de mil No limiar da sanidade, mas nunca senil Fuse: A mente é o aluquete para a caixa de Pandora A sanidade desvanece até à última gota Minha passagem para o breve, breve instante da loucura