Flor dos olhos seus Semeou nos olhos meus Um pedacinho de deus, Sementinha de luar Mar de dor e adeus Evaporou-se no céu, Minha torre de babel Diluiu-se n quintal E o seu olho nem sabia Que por mim se admirava Foi canção, eu poesia E o meu verso te rimava Rios de suor Levam pro mar meu barquinho de papel A minha jangada faz surgir À beira-mar Toda gota é um rio Pois carrega em si A grandeza do primeiro passo, A beleza da primeira nota E a incerteza do primeiro verso. É que o incerto feito certo Que é a gota Desenha suas veredas Agregada a outras gotas Que com ela têm compasso. E a gota já não é mais gota: É traço, filete, córrego, rio, mar É, no mais, infinito Pois será sempre presente Na mente desperta de outras gotas Que, com ela, se viram grandes. Rios de suor Levam pro mar meu barquinho de papel A minha jangada faz surgir À beira-mar