Nasci lá no meio do mato Pois gosto, de fato, da vida na roça A casa é uma velha palhoça Adormeço na esteira, contando lorota Sou um caboclo folgado Agradeço a Deus por ele me conceder Meu canto, meu paraíso Fonte de alegria Razão de eu viver De manhã vou pro roçado Trabalho pesado pra ganhar o pão Pra mim o divertimento Cuidar dessa terra e lavrar o chão Meio dia, no almoço Comida caseira, me espera no lar E, na minha sobremesa Como frutas fescas, lá do meu pomar Quando vem rompendo o dia Com muita alegria, ouço a passarada No meio das folhas secas Pia o xororó, fazendo algazarra O tal do macuco esperto e o urú em bando Piam no grotão E com essa sinfonia Encerro meu dia, cheio de emoção É assim meu dia-a-dia E a minha vida no sertão Tenho orgulho dessa terra E da minha gente, admiração Respeito a natureza Digo com clareza: gosto de viver Aqui no meio do mato Foi onde eu nasci, aonde eu vou morrer