Chega a noite e o sentimento se mistura ao chimarrão Se recolhe a bicharada, faz silêncio no rincão Se sente velho e cansado, com pouca força no braço Gastou a vida peleando e aguentando tironaço Pensa no pago gaúcho, naquilo que não se vê Pois correu a vida toda atrás nem sabe do quê Dedicando corpo e alma, viveu pra sobreviver Pouca coisa conquistou para além do bem morrer Num mundo cheio de tralhas, viveu a simplicidade Aquele rancho sem luxo, já foi um lar de verdade O tempo sempre cruel, o deixou muito solito O vazio daquela casa era cheio de infinito Escuta o ronco do mate em dueto com a cigarra Contraponteando o silêncio, fazendo grande algazarra E ao eterno se entrega pouco a pouco, sem alarde E do rancho se despede nesse triste fim de tarde