Visto farda e ganho marra Na cola da população Que garante o meu salário Esperando proteção Pé descalço, pobre, preto (como eu) Tudo é suspeito Um troco por fora, é de lei Eu aceito Se o cara é doutor, eu respeito Meto o pé, ralo o peito Se o bandido é a vera A lei esculacho com fé Escracho a corporação do alto do meu boné O carro novo me espera (já é) Deito o pobre no asfalto, jogo o pano O cano da baioneta é mole apontar pros mano Sou guardião da vida, e corrompi a verdade Mas diante do espelho, minha alma arde Diante do espelho, a minha alma arde