Não busque no meu corpo a carne, a chama. Nem veja no meu rosto uma consagração qualquer. Eu sei que sou um anjo à-toa neste mundo. Um tiro certo, um poço fundo, um precipício aberto, uma mulher. O que é que eu faço dessa sensação estranha, que me persegue e me apanha, e me vira pelo avesso, que não tem fim nem começo e me faz o que bem quer? O que é que eu faço dessa sensação perdida, desvairada, enlouquecida, displicente, amargurada, se o meu sorriso anda tão comprometido e se a gente passa e pensa, sem recompensa, sem nada? Eu quero ser seu anjo, à-toa e vagabundo, seu mistério o mais profundo e você vem quando quiser. Se você quer morrer de amor, morrer de vício, eu quero ser seu precipício, seu amor, sua mulher.