Eu saio pela rua quieto, analfabeto Olhando de um lado pro outro De um lado fica o muro alto, eu tô no asfalto Talvez eu amanheça morto No bolso direito tem fome de quem não come Já faz eu nem me lembro quanto No bolso esquerdo o "cano" Nunca me engano Assim é que eu me garanto O centro sempre tá lotado, campo minado Aqui tem tudo o que eu preciso Ohomem disse na tv "tá pra nascer quem faça disso o paraíso" Então me diz o que é que eu faço Já que eu não passo de um cara sem educação É certo que eu nasci na rua, embaixo da lua Não pense que eu gosto, é que esse é o meu chão. Mas se é preciso eu faço a hora Na medida do possível eu vou levando Não quero seu olhar, o seu perdão Aqui não é lugar pra quem passa Aqui é a contramão.