Até que a última luz se apague, O sonho mate a vontade A pressa é de quem ficar Mesmo que toda esperança embarque O tempo que me descarte Nas águas sou cambará Danço conforme o dobrado Se for preciso me guardo Ou como melado pra me lambuzar Sou das mucamas de ouro Negro, cafuzo ou crioulo Sou mameluco ou sarará Sou mais Brasil do cacau Dos Pampas, Minas, Pantanal Índio da tribo do Rio Maia Terra de versos fogueiras Me aqueço em quentão de brejeira Eu sou cirandeiro, trovador do luar Sou mais Brasil do Nordeste Do fogo, da sede do agreste Sou dos repentes de quem cantar Terra de moça rendeira Dos filhos de mãe parideira Eu sou canoeiro, pescador desse mar... Até que a última luz se apague O sonho mate a vontade A pressa é de quem ficar Mesmo que toda esperança embarque O tempo que me descarte Nas águas sou cambará Sou Treme-Terra Natal Nos passos de Carlinhos Brown Um abraço pra que não quiser me escutar Sou da Festa do Pelouro Do samba, calango e choro Dança de roda, meu boi-bumbá Sou mais Brasil tropical Sou frevo, baião, carnaval Eu sou boêmio de Irajá Terra de Estação Primeira Do mexe e remexe as cadeiras Eu sou mestre-sala só pra me ver passar Sou mais Brasil do Amazonas Hermeto, violas, sanfonas Dos curumins e tupinambás Terra de berços, terreiros Sua benção meu padroeiro! Eu sou batuqueiro, rezador do conga Sou mais Brasil do café Do luxo, do lixo e da fé Canto o rosário de orixalá Terra de um povo que diz Já é tempo de ser feliz Esse é o meu lugar E nessas águas sou navegador Desse cruzeiro do sul em alto mar Abri meus braços sou um redentor Porque esse é o meu lugar