Você fica pilhada quando eu erro Mas eu não erro eu não erro Eu uso tons dissonantes E eu não me acostumo com seu berro Eu me lanho eu me ferro Mas não mudo meu semblante E principalmente estou falando sério Um decibel não altero ante um fato angustiante Mesmo que eles me ponham a ferros Eu to lhe sendo sincero Sou como quem toma calmantes Eu protegi a obra de Homero Das águas num outro hemisfério E já na cordilheira dos Andes No quarto escuro de um monastério Eu decifrei seus mistérios Depois banhei-me no Ganges Parti numa caravela com Antero Por conta de uns bucaneros Que nunca leram Cervantes Mas que traziam no espírito férreo O fogo fátuo etéreo Dos cavaleiros andantes E eu consumi tanto ópio com Nero Que eu disse pêra e ele eu num pero E com o olhar delirante Pegou da tocha do gás e do isqueiro Que quando eu cheguei no terreiro O fogo tava era longe Com toda calma que os deuses me dero Eu disse Nero eu espero Conforme eu já lhe disse antes Que você me esqueça e me erre não quero descer na cova de um cemitério Como cúmplice de um meliante Cuspindo eu apaguei o fogo do inferno Vesti o minotauro num terno E ele virou protestante Calei a boca da noite com um berro Pus no capeta um sombrero Mas serrei os chifres antes O dalai lama quase perde o ministério Pois ele saiu do serio Num dialogo impressionante E eu calmo como um camelo e sincero Disse o teu cargo eu não quero Quero é o teu lado arrogante Sou como um seguidor de lutero Eu desde o útero quero a paz de um qualquer ruminante Sou um Buda baiano e me esmero Em crer que não desespero mesmo enfrentando gigantes E mesmo partindo do marco zero Eu paro eu penso eu pondero e vou seguindo adiante Mas quando você fala que eu erro eu grito eu erro eu não erro Eu uso tons dissonantes