Veio assim Como quem vem de outro lado da esperança Quando o sorriso é pouco mais que uma lembrança Quando o olhar vagueia, dança e volta e meia Cai sobre os copos, sobre as mesas desses bares Veio assim Assim como quem foge dos olhares Que nos perseguem quando as noites são vadias E nos alcançam com as estrelas mais tardias Que vem com o sol amanhecer nossos pesares E havia tanto desencontro nos seus olhos Seus cabelos desalinho, desalento suas mãos E foi em vão o choro de lamentos Que os ventos da memória espalharam pelo chão E lentamente entre os cacos desse espelho, Desses bares, desses medos Eu enfim me reconheço E me consolo, ah! já é dia E me sorrio Coração ficou vazio Eu me abraço e adormeço