Cristiano Fantinel

Carta Ao Bolicheiro

Cristiano Fantinel


Seu bolicheiro
De forma franca e honesta
Venho  agora através desta
Explicar minha situação
Ando de valde
Sem trabalho e sem dinheiro
Só o senhor, seu bolicheiro
Pode me estender a mão

A vida inteira
Eu honrei meus compromisso
Mas agora, sem serviço,
Me falta de tudo um pouco
Não tem mais cerca
E as esquila terminaram
As changa se escacearam
Que tristeza... que sufoco!

Assim lhe peço
Sendo pai, sendo marido
Por favor faça um sortido
Pra eu, os filhos e a mulher
O charque fiado
Que mês passado eu pedi
Lhe juro não esqueci,
Vou pagar quando puder.

Se não for muito
Pra esta gurizada guacha
Caderno, lápis, borracha
As aula vão começar
Pra minha esposa
Que há tempo não ganha nada
Uma labina colorada
É mais do que posso dar

Não se preoucupe
Sou bem pobre mas direito
Sinto até uma dor no peito
Andar assim, sem função
Deus abençoe
Seu coração solidário
No mais, tô de aniversário
Acrescente um Frei Damião

Assim termino
Essas linhas mal escrita
Sei que o senhor acredita
Eu lhe procuro depois
Porque esta conta
Pago até com uma pegada
No machado ou na enxada
E fica bem pra nós os dois