Um caboclo sertanejo Pra cidade se mudou Vivendo aborrecido Porque não acostumou Sentindo grande saudade De tudo que lá deixou Pra ver os filhos na escola Caboclo muito lutou Sente saudade das matas Do cantar dos passarinhos Ele tenta disfarçar Chora quando está sozinho Deita cedo, mas não dorme E não conhece os vizinhos Pra ninguém ouvir seus prantos Caboclo chora baixinho Recorda das serenatas E das festas de São João Se lembra da verde roça Também do seu alazão Do monjolo que batia Na queda do ribeirão Até uma cerca caída Ele tem recordação Caboclo está envelhecendo Os cabelos branqueando Quando pega na viola Soluça e vai suspirando Não tem mais inspiração Por viver sempre lembrando Tempos que não voltam mais O fim vai se aproximando Quem é que não tem saudade Do lugar onde nasceu Onde passou sua infância E muitos anos viveu Cada um tem seu destino Esse é o destino meu Essa é a minha história Porque o caboclo sou eu