Um dia uma esperança me falou Que as coisas nesse mundo são escuras E aquela esperança me aconselhou a ver O mundo com os olhos de uma criança Então, fechei meus olhos sem dormir Sonhei com um vento azul a me soprar E de repente vi que a paz inteira estava lá Esperando pra namorar o mar A paz tinha os cabelos cacheados E a pele tão morena, nitidez E os olhos eram feitos de corais Que mudavam o tipo todo o mês E desde aí então, meu pensamento Ficava esperando algum amor Na praia do tempo eu me afoguei Morri de vez entregue ao teu frescor Acendes a fagulha solitária E prende-me completo em sua dor A chuva que ontem molhava a terra Fez-se brotar em mim mais bela flor De todo o meu passado revivido por aqui Não me recordo quanto tempo foi Só sei que não se sabe quem ficou ou foi daqui Vestindo a cara preta de um boi valente Meu intelectual fora ferido e tal ferida não cicatrizou Não sou normal, sou mente endoidecida E a arte nunca mais me apaixonou Dos dias de verão, guardei o sol no bolso esquerdo Pra ver lembrar junto ao meu coração Dos dias frios de uma primavera me livrei E hoje vivo de pedir perdão O tempo há de me fazer entender A sôfrega palavra de teus mantras Abrolha num varal de concordâncias Sofríveis poesias de cristal E antes que eu me esqueça, vou partir pro outro lado Levando o meu pecado para o umbral Deixando toda a agonia fora E acasalando com a solidão Eu pego minha mochila, coloco na viola E vou cantarolando uma canção Contudo, sobre a mesa está o festim Jantado pelos mortos canibais Que se alimentam de esperança até da vida o fim E me conhecem de outros carnavais Prudências espalhadas pelas ruas Conselhos não ouvidos de um amigo E as cores murchas hoje todas nuas E eu querendo ser o seu castigo E as velas cadavéricas no sol Flutuam como se fossem dizer Que a luz que ilumina teu farol Acaba de criar o escurecer Quaisquer detalhes bordados na história Hoje não fazem mal a mais ninguém Venceram a batalha e tem vitória Mas querem dominar o que faz bem Esferas acoimadas te adjuram Por ser o cara mais feliz do mundo E as vidas fazem morte um bom dilema E eu acordo do meu sonho profundo E vejo as coisas realmente como elas são E noto as diferenças entre a realidade e o vão Na beira do sorriso eu agradeço E digo obrigado por merecer A dor de ter vivido intensamente Até o dia que for pra eu morrer