E essa vem no dia 11, mas não é sobre as torres Essa veio em setembro pra falar das minhas dores Dia 10 de setembro, prevenção ao suícidio Dia 11 de setembro, pra lembrar que eu tô vivo Todo dia é dia d, quando se luta com trauma Todo rap que eu escrevo, eu juro que tem minha alma Aprendendo desde cedo a me dedicar em dobro Tipo futebol na escola, aplaudido pelo pai dos outros Gente que escreve pra tentar fazer piada Nessa aqui eu vim mais sério, então guarde sua risada Em primeiro de janeiro, vimos fogos de artifício Dia dois de janeiro, duas mortes por feminicídio Eu falo sobre isso por ter tido uma mãe solo Disfarçando com sorriso, o desespero em seu colo Entendi sobre machismo, observando ao meu redor E que por medo ou por trauma mulheres se sentem só Se você me ouvir, espero que se encontre Espero que se encante, e cante! Tão anti-comercial por falar sobre tragédias Mas tão comercial já que cês gostam ouvir elas A dor virou produto em jornal ou em novelas Vê a ibope dapena e refuta minha ideia Voltando mais pra mim, e pra merda do meu ego Não me via como artista, por não crer no meu sucesso Um álbum com 27, sem medo do clube, miley Cegos por hit não me enxerga nem se eu fosse o rico em braile Escrevo algo concreto, pra sociedade líquida Que vive de refrão, ignora as outras rimas Faço por terapia, curando ferida alheia Bolar sonhos dá insônia. Eu tenho muitos, olha as olheiras A origem é um roteiro dirigido por christo Linhas atemporais me levam ao princípio [tenet] E me lembram o porquê estou fazendo isso aqui É que essa porra salva, espero que chegue em ti Se você me ouvir, espero que se encontre Espero que se encante, e cante! Dou a mão pra quem tá na cova Tentando puxar o mundo, mas com medo de cair Dou a mão pra quem tá na obra Construindo um mundo forte, para não ruir Um álbum de resgate, citando artistas mortos Pra refletir sobre o que vale: São as almas, não os corpos Admiro os 27, mas quero viver uns 100 Tirando esses fascistas, quero que geral também (viva!)