Certo dia Viajando com boiada Eu vi uma cruz fincada Lá na curva do estradão Eu vi um velho Ali perto ajoelhado Com os olhos rasos d’água Fazendo uma oração Eu parei Para ele fui perguntando Por que é que está chorando? Ele então me respondeu Você não sabe Que aqui nesse lugarzinho Na beira desse caminho O meu pai João morreu Perguntei Quem é você, meu amigo? Chorando me respondeu Sou filho do Pai João Que Deus levou Para o reino da glória Me deixando aqui sozinho Nesse deserto sertão Sua boiada Há muito tempo morreu Seu carro já apodreceu Lá dentro do mangueirão Só resta agora Sua cruzinha fincada Onde eu vou todos os dias Rezar pro meu pai João Já estou velho Já perdi a esperança Tenho meu pai na lembrança Não posso mais trabalhar Só uma coisa Que eu tenho é esperança Quando chegar o meu dia A morte vir me buscar