Um dia eles invadem nosso jardim, roubam nossa flor e não falamos nada. Um dia eles invadem nosso quintal, matam nosso cachorro e não falamos nada. Um dia eles invadem nossa casa, cortam nossa garganta e não podemos falar mais nada. Agora é tarde! O orgulho dos assassinos fede à carniça, O mundo aceitou o massacre, Mas por que fizeram questão de enterrar Os mortos com as mãos pra fora? As crianças viram tudo acontecendo, Seus corpos queimados, seu povo sofrendo. Seu destino selado com ódio E seus irmãos morrendo de fome. A liberdade veio num cavalo negro Que amassava o crânio das mulheres Com sua ferradura de ouro. Estão rodeando meus restos, Lambendo minhas tripas e Roendo meus dedos. E agora só restam fatos. Fatos concretos do passado De um mundo totalmente surreal e abstrato... Lutas, armas, irmãos e poeira Fervendo num caldeirão de sangue estrangeiro Prontos para o jantar dos que não passam fome.