Conecta Drama

Valor da Vida

Conecta Drama


Eu tô morrendo aos poucos, mas antes de eu partir
Eu quero rever minha família e poder se despedir
Numa sala na UTI meu estado se agrava
E de longe escuto a voz do doutor que afirmava

Esse é só questão de tempo já não tem como vencer
É melhor desligar os aparelhos pra morrer
E assim, por um fim ao sofrimento e agonia
Dos parente ajoelhado nos dias de visita

Coração ligado a máquina ainda bate por milagre
Só que a mente aprisionada pela morte não reage
E quem sabe se eu tivesse escutado, desse ouvido
Dava mais valor a vida pra mudar o meu destino

E pelos trilhos da justiça não escutaria a voz que clama
Do lado da cama por favor papai, levanta
Ele aperta minha mão e coloca sobre o peito
Transmitindo amor sincero, em seguida me dá um beijo

E sai acompanhado da tristeza que separa
A esperança enfraquecida pelo relógio que marca
Tic tac o tempo passa e você vira ibope né
Acompanhando o drama de um homem que a mulher

Esquartejou sem ter dó, sem receio, sem perdão
Penetrando carne adentro braço, pescoço e pulmão
Eu que chegava louco de farinha e lhe batia
Um dia fui surpreendido com uma faca de cozinha

Na nóia mó tortura, quero mais onde é que tá
Vai, cadê o dinheiro? Quanto tem? Sem reclamar
Eu já cheirei o som, a TV, o botijão
O relógio importado que eu roubei do meu irmão

Tô no fim do calabouço com as conta atrasada
O aluguel tá pra vencer, no armário não tem nada
Cansei de roubar, fio de cobre pra comprar
Um maço de Derby suave e cocaína pra cheirar

Revirando a gaveta da cômoda achei
Cinquenta conto no envelope das faxina que ela fez
Vem na mente as palavras de conforto, de amor
O convite dos crente com a palavra do Senhor

Tudo enfim, faz sentido, o diabo atentava
Eu era fraco ele sabia, seduzia, escravizava
Absorvi a desgraça antecipando o meu fim
Agora o valor da vida compreendo na UTI

Tudo enfim faz sentido não quero morrer assim
Infelizmente compreendi no fim
Você foi mais um coração suicida
Que morreu sem saber o valor da vida

Tô imaginando o mundo através do escuro
Hoje não tive visita mas quem sabe muda tudo
Recupero minha fala e abro os olhos devagar
Mas não, sinto no fundo que o coração quer parar

Tive tudo pra vencer mas eu coloquei no prato
O jaco do Corinthians, minha corrente, meu sapato
Meu futuro, minha vida, a estrutura da família
A moral que eu obtinha por um tiro de farinha

Quem sonhava?
Quem diria?
Logo a mulher que eu amava
Era a vítima espancada em sigilo e torturada

Paixão já não aguento pelo amor cê tá demais
De segunda a segunda descontrola e perde a paz
O que eu vou dizer pro seu filho quando ver
Seu pai cair de overdose a um passo pra morrer

Vem cá filho, olha por favor
Mas não vai matar sua mãe de desgosto
Com o exemplo do seu pai
Você é tudo pra mim, tudo o que sobrou de bom

Estrela da minha vida, meu motivo, minha razão
Então, as falas vem na mente como um flash
Interrompido pelos 40° que queimo em febre
Será que a minha vida foi um teste pra saber até que ponto

Chega um homem sem motivos pra viver
Tentei compreender mas não fui capaz de enxergar
Vai aguenta coração! Deixa ao menos eu expressar
Gostaria de saber quem foi aquele que se aproximou

Eu não o conhecia, mas me lembro que falou
Palavras belas que confortam as lembranças
Me dá força pela bênção concedida na esperança
Agora, cadê aquele Deus que movia a humanidade?

Que salvava e perdoava os pecadores com bondade
Tensão de alta voltagem, então me diz cadê Jesus?
Que não chega e não resgata minha alma para a luz?
Conduza o meu destino pelas trevas ao paraíso

Só não abandonaste quem sobreviveu em conflito
E os gritos viram eco toda vez que eu recordo
As cenas de agressão proporcionadas pelo ódio
Tudo enfim, faz sentido, o diabo atentava

Eu era fraco ele sabia
Seduzia e escravizava
Absorvi a desgraça antecipando o meu fim
Agora o valor da vida compreendo na UTI

Tudo enfim faz sentido não quero morrer assim
Infelizmente compreendi no fim
Você foi mais um coração suicida
Que morreu sem saber o valor da vida

Tô delirando se pá, puta mano o que é que eu fiz?
O inimigo raspa o osso pra te fisgar no nariz
Final feliz? Não! É dramática a cena
Cuzão, respiração enfraquecida, clima de tensão

Não deixe que minha coroa veja
Os últimos segundos, olhar fixo a tristeza
Deixa ela levar na mente as lembranças de sorriso
Deixa meu espírito em repouso sem atrito

Sem conflito, opressão, sem rancor
Somente ar
Solidariedade o desejo de amar, ao próximo
Prosperidade, infelizmente é tarde
A ambição faz de mim um prisioneiro da maldade

Se eu fosse capaz de voltar ao passado
Entenderia do porquê das lágrimas de um palhaço
Saberia o valor das flores, das coisas mais simples
Pôr do Sol nas montanhas, até mesmo o arco-íris

Não deixou mais belo, meu caminho, minha trilha
Irmão, por qual razão não enxerguei a saída
Que vida foi essa? Me diz cadê os planos?
Que traçamos, que sonhamos, com alegria alcançamos

Eu fiz de terra firme meu próprio campo de guerra
Que a sentença seja eterna como as lágrimas da reza
Trégua, declaro paz ensina-me como é que faz a máquina do tempo
Quem sabe, vejo lá atrás a salvação

De mãos dadas caminhando com o perdão
Resgatando os oprimidos vindo em minha direção
Não que eu seja digno, mas quem não merece?
Me diz, a segunda chance pra tentar viver feliz

Quem quis viver minha vida pra sentir na pele
A infância conturbada que apaga e não se esquece
Teste, hey, tem alguém me escutando?
Será que eu já morri, e tô no vale da sombra vagando?

Lâmpadas aos pés calejados que ironia
Agora é tarde, o corpo morto
Só com a mente refletia
Comovendo corações fragilizados, sensível
Escrita de forma bruta pra que seja admissível

Tudo enfim, faz sentido
O diabo atentava, eu era fraco
Sem esperança, no pecado, fraquejava
Absorvi a desgraça antecipando o meu fim. Deus

Tudo enfim faz sentido não quero morrer assim
Infelizmente compreendi no fim
Você foi mais um coração suicida
Que morreu sem saber o valor da vida