Ela chora escondida no canto da sala Treme de medo do monstro da casa Socos e tapas, insulto, ameaça Violência é rotina, o que tira sua graça Não passa! Pesadelo que tem Dorme sem saber se o dia que vem Continua viva pra morrer de novo Sepultada em vida, de tanto desgosto Já nem acredita! Que a mudança vem Esperança tá morta no peito de alguém Que sofre calada, sangrando por dentro Por fora maquia, onde há ferimento Lamenta! Por não ter escutado Os conselhos da mãe: Filha tome cuidado Esse homem não presta, não é pra você Me ouça, pois não quero te ver sofrer Nem ver.. Seu corpo ser enterrado Bem antes do meu, num caixão lacrado Volta pra casa enquanto ainda é tempo Cê é nova demais pra viver em sofrimento Tarde demais, ela só não sabia Que dentro de si, nascia outra vida Seria sua filha, seu anjo da guarda Ou só a testemunha do que ela passava Eu não fui feita pra apanhar Ser submissa, e nem chorar Ausência de afeto a paixão acaba logo Entre soco e ameaça, o amor vira ódio Eu não fui feita pra apanhar Ser submissa, e nem chorar Ausência de afeto a paixão acaba logo Entre soco e ameaça, o amor vira ódio Meses passados, sua barriga cresce Junto às brigas, que tanto enlouquece Perto do parto quase abortava Depois de um empurrão, e cair das escadas Corre, hospital! Desespero e o choro Por pouco o pior acontecia. Cê louco! O bebê trouxe enjoo, mas quem causa nojo É quem vai ser pai, mas merecia fogo Põe nas mãos de Deus, propósito pra vida Um parto prematuro, a criança nascia Viria, com saúde, esperança Um raio de luz, que traria mudança No seu mar de trevas ela acreditava Mas não... O inferno continuava Uma Dona de casa, mal saía pra rua Mas mesmo assim, era chamada de puta Traída aguentava, o verme alcoolizado Queria fugir, mas o medo era alto Cadeia sem celas, e sem muro alto Seu psicológico sempre abalado O medo de ser pega, ao fugir com sua filha Morrer e deixar ela com o feminicida Queria voltar, na linhagem do tempo E poder dizer não, no dia do casamento Eu não fui feita pra apanhar Ser submissa, e nem chorar Ausência de afeto a paixão acaba logo Entre soco e ameaça, o amor vira ódio Eu não fui feita pra apanhar Ser submissa, e nem chorar Ausência de afeto a paixão acaba logo Entre soco e ameaça, o amor vira ódio Questionando a vida, trancada no quarto Momento de paz, quando vai pro trabalho Caralho, onde foi que errou? Cadê o homem gentil que um dia tanto amou? Que dava presentes, sempre elogiava Hoje até na cama, tem que ser forçada Não fala que me ama ao contrário, odeia Mas não deixa ir embora, até chora, faz cena Pra agredir de novo, na primeira chance Te mata e se mata se tiver um amante Louco possessivo, agressivo, anormal Se vê na TV quando assiste o jornal Mulher sendo morta, seus próprios maridos Ceifando sua vida na base do tiro Um gatinho, destrava na sua mente Promete, com ela vai ser diferente Manda pros parente, dormir a criança Essa noite vai ser especial sua janta Ingrediente secreto, romântico jantar Lei Maria da Penha não foi te ajudar Ela mesmo prepara, justiça com as mãos Veneno aplicado em sua refeição Aprecia! Enquanto ele apaga No seu próprio vômito. Morra canalha!