Cavaleiro errante, groove estridente Litros de ódio engarrafado Do outro lado um cara que só sabe ser se tiver em quem mandar As vias que se cruzam fazem eles ter que se encontrar cotidianamente Mas isso não importa, o que acontece aqui é que eles não são iguais O Sol socou sua cara, ele esfregou os olhos e lembrou do que não tinha Ainda é cedo amor, fica bem tranquila que hoje o dia vai render Na lata transborda que percorre as ruas viu as dores da janela Mas percebeu que ele era a janela e não podia se esconder De onde vem sua paz? Quando se treme de raiva, por não poder gritar? Foi acordado cedo por um empregado que acordou bem antes dele Leu no seu jornal as velhas notícias Que não botam medo nele Na lata importada que percorre as ruas nem olhou pela janela Ainda é cedo amor, fica bem tranquila que eles têm que obedecer Parando pra pensar, com o coração na boca Percebeu o seu poder E lendo os papéis viu que era dono de um lugar que ele não tinha Por isso entendeu que não tinha tempo pra brincar de ser feliz O que acontece agora é que o final dá história ele tem que escrever De onde vem sua paz? Quando se treme de raiva, por não poder gritar? O traje impecável e seu relógio caro não chamam mais atenção Admirado antes pelos subalternos Não podia desculpar As caridades feitas no final do ano Não pagavam seus pecados Os miseráveis riam, riam de nervoso Solidez desmanchada no ar Na porcelana fria, na mesa pesada, no pão quente já servido Tudo que foi comprado tem o suor e o sangue dos menos elegantes E quando vozes novas não se forem cedo é possível reparar Que o cavaleiro fez pra quem suga o seu sangue muito mais do que suar De onde vem sua paz? Quando se treme de raiva, por não poder gritar? E nessa noite é dia de muitos insones não dormirem por ter fome E nessa mesma noite terão mais insones com medo dos que têm fome De onde vem sua paz? Quando se treme de raiva, por não poder gritar?