Aquele dia meia-noite era dez hora O Sol brilhava vermelho que nem coalhada E a Lua cheia redonda que nem tamanco E em silêncio eu fui cantar pra minha amada Quando cheguei lá na janela e cantei Quase chorei e a verdade eu não nego Cantei a valsa, Lágrimas De Um Guarda-Chuva E a grande obra, O Triste Olhar De Um Pobre Cego Minha querida sorrindo estava chorando Olhos brilhando igual uma noite escura Sua meiguice sincera estava fingindo Com sua alma meiga, vaidosa e pura Minha querida ao ouvir a minha voz Límpida e cristalina e rouca Notei, já estava quase louca Subindo a escada, descendo para o jardim Sentou num bando de madeira de pedra E cantou assim Querido cantor, a tua canção Encheu de amor o meu coração Se cantar sempre foi nosso vício Vamos cantar juntinhos no hospício