Peguei minha garrucha Daquela que não embucha E fui pro mato caçá Já era umas duas hora E saí e fui embora Caçá bicho pra matá Eu fui entrando pro mato adentro E falando São Bento De tanto medo que eu tava Fui entrando de carreira Mas lembrei que era sexta-feira E nesse dia eu não caçava O mato tava calado Tava tudo de mudado O medo foi me trepô Que nada me aconteça Mas não saía da cabeça O que o cumpadre me contô Que tomasse cuidado Ficasse de ôio regalado Que neste mato aparecia Caipora, saci-pererê E se isto me aparecê Cruz credo Ave-Maria Nisto que eu tava pensando Perto de mim vem chegando Um homem da cor de brasa E me pediu de fumo um bocado Xi, fiquei apertado Pois o fumo ficô em casa Eu fui fazendo arrodeio Então na ideia me veio Que tirasse o pé da peia Pois se fumo queria o danado Podia tá sossegado Que a garrucha tava cheia O caipora veio e falô Me dá fumo aí, sinhô Eu preciso de pitá Então lhe respondi Fumo? Eu me esqueci Mecê não deve arrepará Mas se é pra isso que mecê veio O meu cachimbo tá cheio E vancê pita nesta hora Isto é que foi coisa louca Eu mandei ele abri a boca E carquei fogo no caipora O caipora enfumaçado Pensei que tinha matado Matei ele, essa foi boa Então me veio alegria Que caçada nesse dia Acabei com o trem à-toa Mas que pataquada Pois no meio da fumaçada O caipora sortô prosa E me falô dentro de um buraco O seu fuminho é fraco Mas a fumacinha é cherosa