Um passo sensato pra quem Nunca teve os pés no chão Interditar o pedaço de si Que ainda prende Se o que faz voltar atrás É o que impede de seguir Então vai, se lança ao vento, que a sorte traz E ninguém vai saber, nem precisa entender Ser livre às vezes é o que há Sabe, quem se permite Se conhece de verdade Nem tudo é fácil Mas quando vale Cada gesto, cada escolha Cada nova encarnação Transborda prazer O céu se abre Então vai, se lança ao vento, que a sorte traz E a lembrança consagra o imortal Não há quem resista a essa paz De sorrir no final, de sorrir no final Os pés descalços sob o mar raso Torna leve o espírito E lança fora o fardo da loucura cotidiana Sem precisar adentrar na imensidão do oceano É fundo o mergulho ao próprio íntimo Durante o pouco o tempo Em que contemplamos a nossa pequenez Nunca seremos mar Quase nunca sabemos amar Quase nunca sabemos ouvir Olhar, e realmente enxergar Mas a beleza em ser humano Está em aprender a ser humano E que o amanhã sempre há de chegar Seja para o bem, ou para as contas a pagar