No meu sertão Quando o Sol nasce no horizonte Espalhando os seus raios Pelas relvas e pelas pontes A gente vê Lá no pomar a passarada Voando de galho em galho Em alegres revoadas E o orvalho Com as pedrinhas fervilhando Brilhando por todo o lado Neste chão que amo tanto Mas nada disso Me importa nesse instante Pois o Sol que seca o orvalho Não pode secar meu pranto É tão bonito Amanhecer no meu sertão Canta o galo o seu hino Em louvor à natureza Mas o vazio Que tenho no coração Deixa tudo isto triste Obscuro e sem razão E o luar desce do céu devagarinho Pelas frestas do ranchinho Vem de noite me espiar Pego a viola colada no peito Escondendo o meu pranto Pra ninguém de mim zombar Saio pra fora Toco triste uma toada Querendo que minha amada Também venha me escutar Meus dedos tremem E a viola geme e chora Com saudade da cabocla Que pra sempre foi embora É tão bonito O luar do meu sertão Espalhando a claridade Pela imensa natureza Mas o vazio Que tenho no coração Deixa tudo isto triste Obscuro e sem razão