Gosto de bailes nos rincões perdidos Nestes fundões que nem estão no mapa Porque retorno ao Rio Grande antigo Do violão, do pandeiro e da gaita Troteio à noite pelo chão batido E esburacado do salão de um rancho Gasto a fivela de esfregar no umbigo De uma chinoca num tranquito manso Não sou de briga não nasci pra isso Quero da vida os seus bons momentos E é num farrancho que mora o feitiço Que vem do fundo de um olhar moreno A melodia parece nascer Do bate casco e do assobio do vento E o rancho velho querendo entender A vibração dos corações lá dentro A gaita toca o pandeiro responde E o violão dê-lhe bordoneio O pai da moça quer que eu dance longe E dê uma folga para o sarandeio Mas não tem jeito quando o amor nos pega O corpo quente da china é um perigo E vida afora a gente carrega Este retrato do Rio Grande antigo